sábado, 2 de agosto de 2008

Os 200 anos de Osório

O centauro. O lendário. A Lança do Império. O general intrépido que combatia no front das batalhas. O estrategista cujas façanhas impressionavam até os inimigos. O guardião das fronteiras do Brasil. Estes e outros atributos serão relembrados, hoje, nas comemorações pelo bicentenário do marechal Manoel Luis Osório - o Patrono da Cavalaria brasileira.Ele nasceu em 10 de maio de 1808, na vila Nossa Senhora da Conceição do Arroio (originou o município de Osório, hoje pertence a Tramandaí). Despertou para a vocação militar ainda piá. Antes dos 15 anos, alistou-se para lutar contra os portugueses que se insurgiram contra a independência do Brasil. Eram os tempos do "pica-fumo" - no jargão dos quartéis, o mais moço; no linguajar dos gaúchos, o novato que pica o fumo em corda para o patrão fechar o cigarro de palha.

Manoel Luis Osório esteve a serviço do Brasil nas principais conflagrações ao longo do século 19. Empunhou sua temível lança nas guerras contra os vizinhos uruguaios e argentinos e na Revolução Farroupilha (1835-45). Brandiu o pesado sabre recurvo na Guerra do Paraguai (1865-70), sendo ferido no campo de batalha.Osório ganhou todas as estrelas do Exército, foi senador, ministro, conselheiro de dom Pedro II. Recebeu os títulos de barão, visconde e marquês, a coleção de medalhas não caberia na sua farda. Era admirado por Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, os adversários também reconheciam sua bravura. O argentino Domingos Sarmiento (depois presidente do seu país) elogiou a cavalaria ligeira de Osório:"... notáveis cavaleiros: montavam até em potros com a elegância que não tinham os gaúchos argentinos. Laçavam com qualquer das mãos, sem que seus arreios militares, suas lanças, suas espadas e pistolas à cintura os embaraçassem".


Autor de dois livros históricos produzidos para o bicentenário, o coronel Pedro Paulo Cantalice Estigarríbia ressalta que a comoção em torno da morte de Osório, em 1879, aos 71 anos, pode definir a importância do Patrono da Cavalaria. O poeta gaúcho Múcio Teixeira, contemporâneo de Osório, registrou que a "nação inteira" cobriu-se de luto.Fontes: livros Osório e Episódios Militares, do coronel Pedro Paulo Cantalice Estigarríbia. As ilustrações são desses livros e do acervo do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda - Regimento Osório, do Comando Militar do Sul (CMS).

Ingressou no Exército aos 14 anos e com 17 anos incompletos já era alferes. Participou de todas as batalhas ocorridas no sul do continente, desde a batalha de Sarandi, na guerra da província Cisplatina, em 1825, na qual já se distinguiu por habilidade e bravura. Lutou ainda em Passo do Rosário (1828), na Revolução Farroupilha (1835-1845) e na batalha de Monte Caseros (1852), contra o ditador argentino Juan Manuel Rosas.Em 1856, tornou-se general e, nove anos depois, marechal-de-campo, depois de ter organizado, no Rio Grande do Sul, o Exército brasileiro que participou da guerra do Paraguai (1865-1870). Comandou as tropas brasileiras que invadiram esse país, em 16 de abril de 1866. Em maio, planejou a estratégia que permitiu ao Brasil vencer a batalha de Tuiuti, a maior do conflito. Foi agraciado com o título de barão e depois marquês do Erval.De julho desse ano a julho do ano seguinte, ficou no Rio Grande do Sul, reunindo novos contingentes para o Exército. Voltou ao campo de batalha em 1868 e mais uma vez demonstrou competência, conquistando a fortaleza de Humaitá e vencendo a batalha de Avaí. Conta-se que Osório era um homem simples, nada aristocrático, que se dava bem com os soldados e, assim como eles, estava sempre pronto para entrar em ação.Sete anos depois do fim da guerra, foi chamado pelo imperador a ocupar uma cadeira no senado e promovido ao posto de marechal-de-exército. Em 1878, foi nomeado ministro da guerra, com a ascensão do Partido Liberal ao poder. Permaneceu no cargo até a morte.Contam os historiadores da época que, certa vez, despachando juntamente com outros ministros diante do imperador, percebeu que dom Pedro 2o cochilava, sem dar atenção ao que eles diziam. Aborrecido, Osório deixou cair estrondosamente seu sabre ao chão. Abruptamente despertado, o imperador o admoestou: "Acredito que o senhor não deixava cair suas armas quando estava no Paraguai, marechal". "Não, majestade", respondeu Osório, "mesmo porque lá nós não cochilávamos em serviço..."


Armas:
Armas de fogo: A infantaria usava carabina modelo 1822, de carregar pela boca, 18 mm de calibre e 1032 mm de comprimento, descontada a baioneta usada em ações de choque.
Seu acionamento era consequência do impacto do cão de silex(pedra de fogo) contra uma peça de ferro(caçoleta).disto resultava uma faísca que incendiava a pólvora colocada numa concha externa0000000000fogão) o que comunicava a pólvora(do ouvido) do orifício que se comunicava por sua vez com a câmara de detonação. pólvora era condicionada em cartuchos para facilitar o carregamento e proteger a pólvora da umidade.
O projétil era esférico de chumbo moldado.
A cavalaria usava clavina modelo 1822 do mesmo sistema que a carabina e principalmente pistolões do mesmo sistema. Esta arma era usada pelos chefes ao lado da espada. O alcance da carabina e da clavina era de 250 a 300 metros. O pistolão era para o tiro a queima roupa. Todos os três tinham baixa velocidade de tiro.
O pistolão salvou a vida do alferes Manoel Luiz Osório ao atingir seu perseguidor, a cavalo, quando fugia ao cerco no combate de Sarandi, em 1825.


As armas dos Farrapos: eram imbatíveis nos combates a cavalo e usavam trabucos, pistolas e espadas. A cavalaria utilizava principalmente a lança.A artilharia empregava canhões e obuses tomados dos inimigos (ou fornecidos por uruguaios).

O atalho dos farroupilhas para o mar: os imperiais tinham o controle das águas, do Guaíba à Lagoa dos Patos (até a Barra de Rio Grande). Os revolucionários farrapos queriam navegar pelo oceano, tomar Laguna em Santa Catarina e fundar a República Juliana.
Garibaldi e Canabarro cortaram árvores em Camaquã, próximo ao rio, nas terras da Estância Cristal, onde Bento Gonçalves vivera alguns anos, e construíram os dois lanchões que seriam usados na invasão de Laguna - o Seival e o Farroupilha (ou Rio Pardo), e os conduziram até Capivari.
Foram construídos seis pares de rodas, três para sustentar cada lanchão e atreladas cem juntas de bois, requisitados junto aos fazendeiros locais. Era 17 de julho de 1839, a maré atingiu a altura desejada na barra do rio Tramandaí. O velho Carpinteiro - vento retalhador de barcos - fez das suas, pois o lanchão-capitânea Farroupilha, com Garibaldi e mais 14 soldados, foi à pique. Salvaram-se por pouco, nadando até o Seival! Todos a postos, navegaram até Laguna, SC, onde Garibaldi comandou ataques em 22 de julho e 15 de novembro de 1839. [Leia um pouquinho mais sobre isso no diário de bordo do Phantasy, " De Porto Alegre a Palmares.

Principais batalhas: Ocorrem 118 confrontos entre os farrapos e os imperialistas, com 59 vitórias para cada lado. Na verdade, não foi uma guerra nos moldes clássicos, já que o exército rebelde não estava organizado nos moldes convencionais. Suas táticas mais se assemelhavam às guerrilhas.
Os números de mortes em combates não são precisos, mas, em 1881 o Governo Imperial deu publicidade aos fatos, divulgando informações sobre a Revolução Farroupilha.
A estimativa é de que morreram 3.400 homens. Os farrapos perderam quase que o dobro dos legalistas.
Cena da Guerra dos Farrapos. Reprodução parcial de óleo do acervo da Prefeitura de São Paulo.

Efetivos farrapos:Calculava-se em seis mil homens os efetivos dos Farrapos neste ano, estando em Viamão de 1.500 a 1.600 homens. Bagé deveria ter mais uns 400 homens, comandados por Antonio Neto. Domingos Crescêncio comandava mais outros 600 perto de Piratini. Na região da Campanha, mais 500 eram comandados por Bento Manoel e David Canabarro. Vários grupos dispersos estavam espalhados pelo território.

Escrito por: Alisson

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