sábado, 30 de agosto de 2008

Últimos anos de Guerra dos Farrapos

Em 1840 São José do Norte, um minicípio brasileiro localizado no estado do Rio Grande do Sul a uma latitude 32º00'53" sul e a uma longitude 52º02'30" oeste, é atacada por Bento Garibaldi e mais 1200 homens. Os 600 combatentes da vila repelem o ataque. Baixas de 630 pessoas, entre mortos e feridos, de ambos os lados.
Termina em dezembro o sítio a Porto Alegre. Já em 1841 Garibaldi abandona a Província e a revolução e vai embora com a sua Anita (a catarinense Ana de Jesus Ribeiro).
Porto Alegre recebe do Governo Imperial, em outubro, o título de "Leal e Valorosa" por ter rechaçado os Farrapos.

Então no ano de 1842 os farroupilhas se desorganizam, devido a intrigas. Com isso o Império se fortalece e o vice-presidente da República, Antonio Paulo da Fontoura, é assassinado em Alegrete. Nesta época os imperiais contavam com oito mil homens, crescendo sempre com contingentes enviados do centro do país. No final deste ano Caxias iniciou sua campanha com 12 mil soldados, munição à vontade, e bem equipados. Era mais do que a metade da força militar total do país, calculada nesta época em 21.968 soldados.
Os legalistas controlavam toda a orla marítima e toda a linha de navegação fluvial, desde a Lagoa Mirim até as imediações da Cachoeira, no Jacuí, e os pontos acessíveis aos navios de guerra nos rios Taquari, Cai e dos Sinos. Os Farrapos tinham agora, somente 3.500 homens, mostrando sua superiodade tática.

O ano de 1843 passa sem muitos acontecimentos marcantes, exeto pela instalação, no mês de julho, da sede da República Rio-grandense em Alegrete. Porém no dia 27 de fevereiro ocorre um duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires, onde Onofre é ferido – por questão de honra - e morre cinco dias depois. Então ocorre a guerra dos porongos, cuja verdadeira intenção não é conhecida, uma delas diz que teria sido uma combinação entre o Teixeira Nunes, comandante dos imperialistas, e Canabarro, comandante racista dos revolucionários, com o intuito de acabar com a possibilidade da formação de bandos dos mesmos após o termino da guerra. Já a outra idéia seria de que o contingente de imperialistas era muito superior ao farrapo e estes utilizaram da inteligência e armaram uma emboscada que acabou por matar muitos negros farroupilhas.

E finalmente acaba, em 1º de março de 1845, a guerra mais popular do Rio Grande do Sul. É firmado um acordo entre farroupilhas e imperialistas mais conhecido como Tratado de Ponche Verde, o General David Canabarro, comandante-em-chefe do exército republicano, investido de poderes para representar a presidência da República, aceitou as condições. Farrapos e imperiais se reuniram no Acampamento Imperial de Carolina, em Ponche Verde, região do atual município de Dom Pedrito, para decretar a pacificação da província. Eram 12 as cláusulas da pacificação. Foram lidas em Ponche Verde no dia 25 de fevereiro, por Antônio Vicente da Fontoura:

Art. 1° - Fica nomeado Presidente da Província o indivíduo que for indicado pelos republicanos.

Art. 2° - Pleno e inteiro esquecimento de todos os atos praticados pelos republicanos durante a luta, sem ser, em nenhum caso, permitida a instauração de processos contra eles, nem mesmo para reivindicação de interesses privados.

Art. 3° - Dar-se-á pronta liberdade a todos os prisioneiros e serão estes, às custas do Governo Imperial, transportados ao seio de suas famílias, inclusive os que estejam como praça no Exército ou na Armada.

Art. 4° - Fica garantida a Dívida Pública, segundo o quadro que dela se apresente, em um prazo preventório.

Art. 5° - Serão revalidados os atos civis das autoridades republicanas, sempre que nestes se observem as leis vigentes.

Art. 6° - Serão revalidados os atos do Vigário Apostólico.

Art. 7° - Está garantida pelo Governo Imperial a liberdade dos escravos que tenham servido nas fileiras republicanas, ou nelas existam.

Art. 8° - Os oficiais republicanos não serão constrangidos a serviço militar algum; e quando, espontaneamente, queiram servir, serão admitidos em seus postos.

Art. 9° - Os soldados republicanos ficam dispensados do recrutamento.

Art. 10° - Só os Generais deixam de ser admitidos em seus postos, porém, em tudo mais, gozarão da imunidade concedida aos oficiais.

Art. 11° - O direito de propriedade é garantido em toda plenitude.

Art. 12° - Ficam perdoados os desertores do Exército Imperial.

Porém estas 12 cláusulas nunca foram cumpridas, como é de conhecimento de todos. Isto se pode verificar pelos seguintes tópicos:

· O Império jamais reconheceu formalmente a criação de um Estado Republicano no Rio Grande, motivo pelo qual os documentos oficiais foram ocultados. No Documento Convenção de Paz entre o Brasil e os republicanos não consta a palavra anistia, que, se usada, descaracterizaria a independência;

· O representante da República foi David Canabarro. Os principais líderes, criadores e comandantes da República beligerante não estavam presentes no ato da assinatura. O Tratado não foi assinado pelo Presidente da República Gomes Jardim. Seu líder máximo, Bento Gonçalves da Silva havia se afastado por motivo de uma enfermidade que o levaria a morte 2 anos após. Devemos lembrar, todavia, que o General Canabarro encontrava-se como comandante em-chefe das forças republicanas à altura da Convenção.O representante do Império foi o Barão de Caxias, que havia recebido poderes para tanto através de Decreto.

· O descumprimento: mesmo que as condições para deposição das armas republicanas tivessem o status de tratado legítimo, ele exigiria a partir do cumprimento de suas cláusulas, o que não se verificou:

    1. Os farrapos não escolheram seu presidente provincial e o General Luís Alves de Lima e Silva foi indicado senador do Império;
    2. O Império não ressarciu integralmente as dívidas de Guerra contraídas pela província do Rio Grande do Sul, tendo essas não sido devidamente contabilizadas e tendo sido pago, a alguns, uma irrisória porcentagem das perdas;
    3. Não houve a libertação de todos escravos que lutaram no Exército farroupilha, afim de se evitar o ressurgimento dos negros pelo resto do Império. Alguns foram devolvidos aos seus donos, outros foram levados para o Rio de Janeiro e vendidos a outros senhores. Os que faziam parte do corpo de lanceiros negros comandados por Davi Canabarro foram massacrados na Batalha de Porongos. 120 foram mandados incorporar pelo Barão de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província.
    4. Tais atos resultaram em conseqüências, inclusive entre as “resistências” farroupilhas. É fato o assassinato ( em 1860) de Vicente da Fontoura, que liderava o grupo anti-Bento Gonçalves . Tais antagonismos afloraram novamente na Revolução Federalista de 1893. Este processo completou-se com a Revolução de 1923. As correntes rio-grandenses antagônicas uniram-se na ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República do Brasil em 1930.

Osório político?

Participou da vida política em Jaguarão e Bagé e ao ser transferido para a região de São Borja sentiu o perigo representado pelo intenso armamento paraguaio.

Ao termino da guerra, Osório, que já fazia parte do partido liberal, foi convidado a participar da vida política nacional. É então escolhido para o senado, cegou ao Rio de janeiro (20 de abril de 1877), onde recebeu de como presente uma lança com ornamentos de ouro, uma verdadeira jóia.

Suas recepções eram muitas turbulentas e entusiasmadas, no Rio de janeiro o povo retirou os cavalos do carro e ele foi arrebatado pela multidão tendo que ser retirado dos braços desta por homens, como mostra este trecho do jornal “A reforma”: Seguido de milhares de pessoas que o acompanhavam, o carro, no qual ia Osório, percorreu as ruas Direita e Ouvidor, rompendo com dificuldade as ondas populares que aí se reuniam...”. Na Bahia obteve a mesma recepção, com direito a exaltação de sua heroicidade, intrepidez, generosidade, singeleza, o amor, de sua abnegação do patriotismo. E em Salvador foi saudado pelo Sr. Sátiro de Oliveira Dias com as seguintes palavras: “Sr. General: - Diante da grandeza que V.Exa. um orador de minha humildade sente-se aniquilado, porque o esplendor da glória que o ilumina é tão grande, que me assoberba e deslumbra....”

Quando retornou ao Rio de Janeiro, deu segmento a sua gestão com entusiasmo e extrema dedicação. Neste mesmo ano os liberais assumem o poder e Osório passa a ocupar o cargo de ministro dos Negócios da Guerra.E em 1878 Alcançou também, 1879, quando os liberais subiram ao poder, Osório ocupou o cargo de Ministro da Guerra do gabinete do Visconde de Sinimbu até o dia de sua morte, por pneumonia aguda, aos 71 anos.

Escritor?

Sim, Marechal Osório também escrevia. Normalmente era um tipo comum de trova endereçada para suas amadas, cuja maioria é para Ana. Muitos destes escritos ficaram guardados em suas anotações, todavia, alguns foram recolhidos por pessoas mais próximas. Eles continham variados tipos de sentimento do Manuel Luís Osório, de seus lamentos pela sua designação para um destacamento, pelas núpcias de Ana e pela morte de sua amada.

Alguns fragmentos:

Contra a vontade te deixo
Porque o fado quer assim,
Vou suportar no desterro
Delírio ardente sem fim!”

“Só vivo quando te vejo,
Dia e noite penso em ti,
Se nasceste para amar-me,
Eu para te amar nasci.


Ausentes dos teus encantos,
Sem teus lindos olhos ver
Tudo me causa desgosto
Nada me causa prazer.


O tempo curar não pode
A chagas que amor abriu;
Separar só pode a morte
Corações que amor uniu.


Pavorosas, negras sombras
Escondem o meu penar;
Em silenciosa dor me oprime,
Meu alívio é suspirar...”


Bibliografia:

Livros:
  • MAGALHÃES, J. B. (Cel.). Osório: símbolo de um povo, síntese de uma época. Rio de Janeiro: Livraria AGIR Editora, 1946. 530p il.
  • MAGALHÃES, J. B. (Cel.). Osório: síntese de seu perfil histórico. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército-Editora, 1978. 336p.
  • SANTOS, Francisco Ruas. Osório: contribuição às comemorações do 1° centenário da batalha de Tuiuti. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército-Editora, 1967. 236p. mapas.
  • Osório (edição especial comemorativa do sesquicentenário do nascimento do Marechal Manuel Luiz Osório). Revista Militar Brasileira, Rio de Janeiro, ano XLVI, nrs. 3 e 4, jul. a dez. 1958, vol. LXVIII.
Sites:
Todos acessados dia 30.08.08

http://www.popa.com.br/docs/cronicas/farrapos/

http://dicionario.sensagent.com/batalha+dos+porongos/pt-pt/

http://brasiliavirtual.info/tudo-sobre/guerra-dos-farrapos-o-outro-lado/

http://www.freemasons-freemasonry.com/20carvalho.html

http://www.bicentenariosorio.com/osorio/GenOsorio_O_Legendario.pdf


postado por: Akie

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